segunda-feira, 6 de maio de 2013

Ministra profere palestra em simpósio dos 30 anos dos Agentes de Pastoral Negros do Brasil

Titular da SEPPIR acredita que desafio é pensar o que fazer para superar a resistência das desigualdades raciais e colocar o racismo como estruturante das relações sociais no país

Ministra profere palestra em simpósio dos 30 anos dos Agentes de Pastoral Negros do Brasil
Desafio é pensar o que fazer para superar a resistência e colocar o racismo como estruturante das relações sociais no país


“Se por um lado, o Brasil vive um momento inusitado de inserção da população negra, por outro, temos a resistência das desigualdades raciais”. A declaração é da ministra Luiza Bairros, feita quinta-feira (02/05) em Maceió-AL, no Simpósio dos 30 anos dos Agentes de Pastoral Negros do Brasil (APNs). Durante a palestra, a titular da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República (SEPPIR-PR) falou sobre o desafio de pensar o que fazer para superar a resistência e colocar o racismo como estruturante das relações sociais no país.

APNs de vários estados participaram da atividade no Centro de Convenções da capital alagoana, onde a ministra proferiu palestra sobre “Os avanços das políticas públicas para a igualdade racial no Brasil”. De acordo com Luiza Bairros, a população negra é a mais beneficiada por uma série de mudanças provocadas por políticas como as de valorização do salário mínimo e de redistribuição de renda. “Especialistas afirmam que cerca de 60% dos 40 milhões de brasileiros que ascenderam socialmente no Brasil nos últimos anos são negros, e as mulheres negras, especialmente as jovens, foram as mais diretamente envolvidas nesse processo”, disse.

A ministra ponderou, entretanto, que todos os impulsos ainda não foram suficientes para eliminar as desigualdades raciais, “porque as mudanças partiram de patamares muito baixos”. Ela destacou os dez anos de institucionalização da política de igualdade racial no Brasil, afirmando que a criação da SEPPIR em 2003 se deu num contexto de reivindicações que vinham de longas datas. “Tanto assim, que este é um ano de muitas comemorações redondas para as entidades do movimento negro, são 35 anos de Movimento Negro Unificado, o MNU, 30 anos de APNs, 25 anos de Geledés - Instituto da Mulher Negra, e apenas 10 de SEPPIR”, disse.

Já o deputado Federal Vicente Paulo da Silva (Vicentinho PT-SP), destacou o lento crescimento da representação nacional dos parlamentares negros de São Paulo.

Três décadas
O simpósio integrou uma extensa programação comemorativa dos 30 anos dos Agentes de Pastoral Negros do Brasil. A estimativa é de que aproximadamente 600 pessoas participaram das atividades, que incluíram encontros temáticos de mulheres e de jovens APNs. Estes últimos, para discutir o tema “Enfrentamento à violência contra a juventude negra – Plano Juventude Viva”, ação do governo federal implementada em Alagoas sob a coordenação da SEPPIR e da Secretaria Geral da Presidência da República.

A programação teve ainda as exposições “Xirê do Tempo” e a 1ª Expo Afro Alagoas, também no Centro de Convenções, além da Noite Oke Odum (a graça do ano), quando 30 personalidades, entre elas a ministra Luiza Bairros, foram homenageadas por terem contribuído para o desenvolvimento dos APNs e das políticas públicas de igualdade racial. A solenidade no histórico Teatro Deodoro, centro de Maceió, reuniu os ‘Malungos’ e ‘Malungas’ – expressão de origem afro que significa igual, parceiro, utilizada pelos APNs para se referir aos  companheiros de luta ligados ou não à entidade.

Para o coordenador Nacional dos APNs, Nuno Coelho,  a comemoração das três décadas dos Agentes de Pastoral Negros deve lembrar também a participação dos membros da entidade em diferentes espaços na luta pela igualdade racial e o combate a qualquer forma de discriminação. “Estamos presentes na gestão pública, nos conselhos, sindicatos, organizações não governamentais, comprometidos com a questão racial e para a efetivação de ações afirmativas no país”, afirmou.

Além da ministra, foram premiados na Noite Oke Odum os deputados federais Vicentinho e Edson Santos – PT-RJ (ex-ministro da SEPPIR), Inês Pandeló (PT-RJ), e os APNs Teodorico Ferreira da Silva, Jacinta Maria Santos, Raimunda Nonata da Silva Oliveira, Conceição de Maria de Sousa e Silva, Solimar Oliveira Lima, José Geraldo da Rocha, Edgard Aparecido de Mora, Telma Maria Coelho Barbosa, o Instituto Magna Mater e a Comunidade de Saúde, Desenvolvimento e Educação (ComSaúde).

APNs – Presentes hoje em 13 estados e no Distrito Federal, os Agentes de Pastoral Negros surgem como porta-vozes de um grupo de negros e negras envolvidos diretamente com as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) da igreja Católica. As CEBs são consideradas o espaço onde se deu o processo de conscientização política e de participação social desses agentes nas décadas de 1970 e 1980, assim como de identidade negra.


Fonte: Coordenação de Comunicação da SEPPIR

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